ARTIGOS A FOME NÃO ESPERA Numa civilização onde tudo é medido em termos de operosidade e eficiência, onde a busca do sucesso e do êxito tornou-se o novo imperativo categórico,
causa perplexidade os dados alarmantes do aumento da fome entre a população brasileira.
Cenas de pessoas disputando osso e retirando restos de alimentos do lixo nos espantam. Se de um lado a fome impressiona e incomoda, continua sendo uma espécie de mistério sombrio e insondável, pois não se trata de fatalidade, uma vez que a agricultura mundial poderia alimentar praticamente duas vezes a população atual. Justamente por isso, imagens como as descritas nocauteiam a nossa tão acomodada civilização.
Palavras como “milhões de pessoas passam fome” deveriam provocar reações para além de posts em redes sociais ou artigo como este; deveriam causar atitudes. Mas palavras não conseguem mais provocar;
elas próprias emudeceram, pois perderam seu sentido em meio IR. EVILÁZIO TEIXEIRA à agitação, gerando uma espécie de paralisia frenética. Não há falta de informação. Há excesso.
Então, por que o imobilismo? A produção de alimentos aumenta.
O excesso é pretexto para o que se milhões de pessoas seguem excluídas da mesa? A fome é o adverso da produção. Na excepcional obra A Fome, Martin Caparrós alerta que a comida Uma realidade como esta não se resolve somente com ações individuais ou grandes programas governamentais.
É algo sistêmico foi monetizada, se transformou em investimento, como o petróleo, o ouro. Quando mais alto o preço, melhor o investimento.
Quanto melhor o investimento,
mais cara a comida. E os que não podem pagar o preço que o paguem com a fome. Em outras palavras: o que antes era mercado UMA HISTÓRIA DE COLABORAÇÃO O BRDE está entre as maiores carteiras de crédito do país, e temos um papel estratégico para o desenvolvimento sustentado,
inclusivo e sustentável da Região Sul. Presidi-lo por 11 meses foi desafiante e recompensador.
Mais uma vez, pude confirmar a lição da vida: nada se faz sozinho.
Com meus colegas diretores e colaboradores, foi possível avançar muito, mesmo com o cenário de incertezas presente. O primeiro semestre de 2021, com R$ 130
milhões de resultado líquido, foi o melhor em duas décadas, e ganha relevância na medida em que a instituição seguiu cuidando dos setores mais afetados pela pandemia, atuando na forma e no tempo que a crise nos exige.
Reafirmamos o nosso papel de apoiar produtores rurais,
cooperativas, empresas de todos os portes e segmentos e ao setor público. Reforçamos nosso papel de parceiro estratégico de quem produz, gerando riqueza,
empregos, oportunidades e inclusão, alinhados a uma agenda de futuro: 84% das operações em
2021 estão aderentes aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
O banco cresceu para fora e para dentro. Ao lado de uma equipe, sei que deixo, na forma e no O banco cresceu para fora e para dentro. Ao lado de uma equipe, sei que deixo, na forma e no conteúdo,
algum legado nas dezenas de decisões tomadas conteúdo, algum legado nas dezenas de decisões tomadas pela diretoria e pelo conselho. Aprovamos nova política de crédito,
reestruturação da casa, revisão de matriz de programas, novas Ex-presidente e atual diretora de Operações do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul leany.lemosQObrde.com.br Reitor da Pucrs para produtores e consumidores,
virou lugar para jogo financeiro e especulação.
O problema é conhecido. Escandaloso. Estamos conectados aele. Mas parece não nos afetar suficientemente, como que estivéssemos despidos de qualquer vínculo com nossos irmãos e irmãs brasileiros que morrem pela
“falta” daquilo que a sociedade e o Estado têm em abundância.
Uma realidade que não se resolve somente com ações individuais ou grandes programas governamentais. E sistêmico.
Contudo, ações coletivas fazem diferença. Cito o projeto Porto Alegre contra a Fome/Todos Juntos, em que organizações aderiram à Lei de Doação de Excedentes de Alimentos, que autoriza os estabelecimentos a doar os excedentes ainda próprios para o consumo. Pode não resolver o problema, mas encherá os pratos dos que necessitam em Porto Alegre. E se todas as cidades fizerem algo semelhante, não veremos mais pessoas e ratos em par de igualdade.
LEANY LEMOS políticas para o gerenciamento de risco e compliance, estratégia e plano de diversidade, aderimos ao plano nacional de combate à corrupção, nos juntamos a fóruns representativos, aceleramos a transformação digital, apoiamos projetos relevantes, como aceleração de startups e formação de programadores da escola pública,
entre tantas outras ações. Levarei sempre comigo o orgulho de ser,
em 60 anos, a primeira mulher a comandar o BRDE — uma das
60 empresas brasileiras com o selo Women on Board.
Sinto-me honrada em representar o Estado por indicação do governador Eduardo Leite, a quem admiro como gestor e ser humano, e que confiou que transportaria para dentro do BRDE a visão de evolução de seu governo.
Os próximos balanços do banco trarão o resultado palpável dessa história de colaboração.
Fica a alegria de ter plantado sementes.
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bit.ly/opiniaogauchazh faartigozhozerohora.com.br (DOopiniaozh ZERO HORA, SÁBADO E DOMINGO, 6 E 7 DE NOVEMBRO DE “q e FLÁVIO TAVARES by Jornalista e escritor QUEM KISS?
O crime da madrugada de 27 de janeiro de
2013 em Santa Maria finalmente será julgado, em 1º de dezembro deste 2021, em Porto Alegre. São quase oito anos de protelações e adiamentos, que se transformam numa forma de amortecer o impacto da tragédia que matou
242 pessoas. Tudo, porém, é inesquecível.
E impossível chamar o horror de “acidente”
quando o fortuito não existe e tudo ocorreu pelo descaso, desdém e desídia que só poderiam desembocar em morte. Ou em um assassinato coletivo que só estava à espera do momento propício. A boate Kiss não era um “beijo”
(como sua denominação em inglês), mas uma prisão infernal em que o fogo era atração.
E, assim, o “momento propício” surgiu quando a banda ateou fogo ao primeiro “sinalizador” e a chama se espalhou pelas altamente inflamáveis “espumas de colchão”
que forravam o teto para melhorar a acústica.
Ou seja, sob pretexto de aprimorar o som da música, tudo estava preparado para o incêndio. O engenheiro que elaborou o Plano de Prevenção Contra Incêndio admitiu (após a tragédia) que não acompanhou a execução da obra. Mas os bombeiros e a prefeitura de Santa Maria, mesmo assim, concederam os alvarás de funcionamento.
A boate estava “dentro da lei”,
talvez por obra das relações político-pessoais. Entre nós, os carimbos nos papéis valem mais Os cifrões do que a realidade.
Além disso, a boate era uma espécie de “cárcere privado”, e q guardado por truculentos cães de guarda humanos que, a empurrões e tapas, impediram a saída dos clientes que tentavam fugir do fogo. O pretexto: “Não tinham pago a conta”. Os cifrões valiam mais do que a vida...
Havia só uma porta de saída e junto a ela se empilharam dezenas de cadáveres, pois as instalações eram uma ratoeira-prisão. Jamais,
bombeiros, prefeitura ou os donos da boate pensaram sequer em “saídas alternativas” para eventual confusão surgida entre bêbados.
A tragédia da Kiss em 2013 é um episódio grotesco que se torna repugnante porque nem todos os culpados irão a julgamento. O minucioso inquérito policial foi abrandado pelo Ministério Público e alguns responsáveis não aparecem na denúncia.
É imoral e obsceno tratar o crime da Kiss como um acidente. Ali o horror foi planejado em minúcias. O espantoso não é só o número de mortos, mas até o fato de que o júri se faça na Capital,
não em Santa Maria, núcleo do horror.
A dor é intransferível, é parte do crime e pode nos levar a definir, também, quem Kiss a morte de 242 jovens.
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A fome não espera
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