A4 SÁBADO, 15 DE ABRIL DE 2023
FOLHA DE S.PAULO *
política PAINEL |
Fábio Zanini painelegrupofolha.com.br Serventia da casa O PSDB paulistano já dá como provávela saída do partido do ex-governador Rodrigo Garcia. “Pelo que se ouve hoje, o Rodrigo não permanecerá no PSDB”, diz o presidente do diretório da capital, Fernando Alfredo. O recado ocorre em meio à especulação de que Rodrigo poderia disputar a prefeitura da capitalem 2024. Alfredomanifesta preferência por apoiar a reeleição de Ricardo Nunes (MDB). Nesta semana, ele esteve na prefeitura conversando com o atual ocupante do cargo.
DESENGAJAMENTO 1 Coordenadora de Direitos Digitais do Ministério da Justiça euma das responsáveis pelo debatesobre regulação de mídias sociais, a advogada Estela Aranha bloqueou por algumas horas seu a no Twitter para especiaistas que vêm criticando posições do governo sobre o tema.
DESENGAJAMENTO 2 Os alvos foram as pesquisadoras Luciana Moherdaui, Nina Santos e Bruna Martins, que acusaram Aranha de ter sido antidemocrática. Após críticasna tarde desexta ela recuou. “Embora seja um perfil de caráter pessoal, seguirá aberto para acesso à informação e debate público construtivo” afirmou.
osuLÉ MEU PAís O desembar gador Mário Helton Jorge, do Tribunal de Justiça do Paraná,
disse em sessãona quinta (13)
que o estado “temível cultural superior ao Norte e ao Nor deste”. Ele falava da reação popular a escândalos como Lava Jato e mensalão. “É uma roubalheira generalizada”, declarou.
VEJA BEM O desembargador diz que não houve intenção de menosprezar ou fazer comparação preconceituosa com pessoa, instituição ou região. “No contexto da fala é feita umacríticaao próprio estado do Paraná, que sofre coma corrupção”.
PLACA Emtratativas para trocar o PSDB pelo PSD, o prefeitode São Caetano, José Auricchio Jr, vai inaugurar no domingo (16) um posto de saúde que leva o nome de Pedro Kassab. Médico que morreu em 2009, ele é pai do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, que deve comparecer à homenagem.
FAZOL O empresário Flavio Rocha, dono da Riachuelo, elogia a atitude do governo Lula de propor o fim da isenção de imposto deimportação de até US$ 50 para envios de pessoa física para pessoa física. Amedida afeta consumidores delojas virtuais como Shein, Shopeee AliExpress, muito populares entre brasileiros.
MAIOR APOIO Rocha, que nos últimos anos esteve politicamente próximo de Jair Bolsonaro afirma que “a medida [tomada pela Receita Federal] caminha nesse sentido,
detrazer a necessária equidade concorrencial”
SUPERLATIVO O Bolsa Família incluiu 808 mil famílias desde que foi relançado pelo gover no Lula em março. Agora, são
2119 milhões, em um investimento de R$ 14 bilhões por ano. O valor médio recebido por família foi R$ 670,49, um recorde.Já o Primeira Infância,
que paga R$150 por filho até 6
anos, chegou a 8,9 milhões de crianças em todo o país, 17 mil a mais que em março.
PACIÊNCIA Os seis deputados que querem deixar o União Brasil alegando perseguição da direção nacional devem permanecer na legenda até quehaja decisão judicial. Para cinco — Daniela Careiro (ministra do Turismo), Chiquinho Brazão, Dani Cunha, Ricardo David e Marcos Soares — não há problema em esperar até a janela partidária, em 2026.
RODA PRESA A exceção é Juninho do Pneu, que tem planos de disputar a prefeitura de Nova Iguaçu (RJ) no ano que vem. À intenção do grupo éfiliar-seao Republicanos.
com Guilherme Seto e Carlos Petrocilo Cláudio GRUPO FOLHA FOLHA DE S.PAULO * * *
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341.327 exemplares (fevereiro de 2023)
PT aciona militância para ajudar Lula em início turbulento de governo Estratégias montadas durante a campanha eleitoral de 2022 serão reativadas para buscar sustentação com engajamento popular Joelmir Tavares são pauLO O PT quer reativar estratégias de mobilização adotadas na campanha pela eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em meio às crescentes cobranças internas pela busca de maior envolvimento da população com as bandeiras governistas.
Abaixa conexão do Planalto com setores da sociedade, tropeços na comunicação e o cenário pedregoso no Congresso têm preocupado aliados,
com alertas de que é preciso ação rápida em um contexto de “disputa de narrativas” ex pressão da militância petista.
O primeiro passo será retomar os chamados Comitês Populares de Luta, que funcionaram como embaixadas da campanha em 2022. Mantidas por filiados e voluntários, as unidades se valiam do contato direto para apresentar propostas, desmentir fake news e motivar apoiadores.
A secretária nacional de mobilização do PT, Mariana Janeiro, diz que o objetivo é retomar as atividades de “todos os comitês possíveis”. Segundo ela, ainda estão registrados cerca de 4.000 espaços.
“É natural as coisas darem uma arrefecida depois do período eleitoral. Agora, temos um governo para dar sustentação. Vencer a eleição é um passo, manter o governo é outro, e é um momento perene.
Para isso, precisamos das bases organizadas para disputarmos anarrativa que está posta”, afirma ela.
Aretomada dos comitês para fortalecer o trabalho de base foi apontada como prioridade no seminário de comunicação que o PT abriu em Brasília nesta quinta (13) e concluiu nesta sexta-feira
A manutenção das estruturasjá tinha sido determinada em uma resolução do diretórionacional da sigla. Pela proposta, partidos aliados e movimentos sociais estão debatendoo melhor formato, fixando o que Mariana descreve como
“função social” dos comitês.
Pressões para que o gover no acerte os ponteiros levam em conta a divisão política do país, a força da oposição turbinada nas umas e a frágil base de apoio no Legislativo.
Segundo pesquisa Datafolha, 38% dos brasileiros acham o atual governo ótimo ou bom, 30% o consideram regular, e 29% o avaliam como ruim ou péssimo.
Apoiador do PT, o teólogo e escritor Frei Betto afirmou em artigo publicado na Folha nesta semana que Lula à á os “imensos desem educação política do povo e mobilização popular”.
O ex-ministro Tarso Genro também apontou anecessidade de novas abordagens no convencimento político e disse que os comitês populares são importantes, mas sozinhos não bastam, em entrevista à edição mais recente da revista semanal da Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT.
“Cada um tem que ter uma estrutura em rede para se comunicar de maneira direta,
horizontal, com toda a comunidade, não somente com o seu grupo”, afirmou ele.
A direita que empoderou Bolsonaro e mantém vivo o bolsonarismo é bem-sucedida ao explorar o boca a boca digital e atingir novos públicos.
Os movimentos sociais com formato tradicional mantêm BLOCOS COM O CENTRÃO NA CÂMARA VÃO AJUDAR GOVERNO,
DIZ PADILHA O ministro da Secretaria de Relações Institucionais,
Alexandre Padilha
afirmou em encontro com empresários nesta sexta
(14) quea formação de dois blocos na Câmara vai ajudar o governo Lula na aprovação de projetos. “Não são blocos de oposição ao governo. Pelo contrário, são liderados por parlamentares que defendem o governo”,
disse Padilha,
citando que o maior deles,
com 173
deputados, é liderado por Felipe Carreras,
membro do PSB do vice-
-presidente Geraldo Alckmin. Esse bloco foi criado pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL),
eé formado por PP União Brasil, PSDB-
-Cidadania,
Solidariedade,
Patriota e Avante, além de PDT e PSB.
Padilha diz que a formação dos blocos se trata da dinâmica interna da Câmara, sem relação com o governo.
Pi A E O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa de cerimônia durante sua viagem à China, nesta sexta (14) Ken ishii/Pool/Reuters com o governo Lula uma relação delicada, em que tentam equilibrar demandas por avanços com ações para dar respaldo ao mandato.
Em aceno ao Planalto, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) decidiu brecar a onda de invasões que faz anualmente em abril. Aideia de manter a jornada Abril Vermelho, para chamar a atenção para a pauta da reforma agrária, vinha sendo criticada por oposição e situação.
Asimbiose entre movimentos e governo foi exposta tambémna revisão do novo ensino médio, anunciada em reação às críticas de entidades de estudantes e professores ao modelo atualizado de grade curricular.
Raimundo Bonfim, coordenador nacional da CMP (Central de Movimentos Populares) e filiado ao PT, defende queo governo estimule “uma participação popular de outro tipo”, que não fique restrita a conselhos e conferências resgatados por Lula após o desmonte de Bolsonaro.
“Não pode ser mais do mesmo. Precisa ser um caminho que envolva a participação das massas no debate político e na construção das políticas públicas, com ações de conscientização do povo para enfrentar o fascismo”, diz Bonfim, citando ainda a resistência de setores econômicos à agenda petista.
Um dos órgãos recém-criados pelo Executivo é o Conselho de Participação Social,
que fará interlocução com movimentos populares e organizações da sociedade civil.
A instalação do colegiado está agendada para a próxima quarta-feira emato com a presença de Lula.
Para Bonfim, o presidente acertou até aqui ao privilegiar políticas de inclusão social,
mas não pode descuidar de temas como organização popular e consciência cidadã. “Para essa segunda parte, o governo precisa muito mais do que cem dias, mas não pode demorar muito”, opina.
No início do ano, Dilma Rousseff (PT) fez um discurso em tom de advertência para endossar que um governo como o de Lula não se mantém“semuma estrutura de or ganização popular”. A falaganhou conotação grave por vir de uma presidente que perdeu apoio esofreu impeachment.
“Temos de nos organizar para conseguir apoiar que as medidas legislativas e políticas que o governo venha a tomar tenham apoio, tenham sustentação, e quenão ocorra nenhuma ruptura que nós não possamos enfrentar” afirmou em janeiro a atual presidente do NDB, o Banco do Brics.
Na análise do cientista político Luis Felipe Miguel, professor da UnB (Universidade de Brasília), o quadro é muito diferente do experimentado por Lula em seus primeiros governos, com a habitual fase de lua de mel.
“Nãoacho que o governo deva ter a tarefa de mobilizar. O papel é dosmovimentos. Há,
no entanto, uma baixa capacidade de mobilização desse campo, em parte por responsabilidade das gestões do PT.
Essa insuficiência é um dos grandes problemas da nossa democracia hoje”, diz.
Miguel avalia que, se Lula falhar na implementação de medidas que melhoremavida dos mais pobres, “não apenas terá fracassado no seu governo e na sua ressurreição política, como terá contribuído para o novo fortalecimento da extrema direita”.
Daía importância de ter as forças sociais jogando junto, inclusive para tentar influenciar os parlamentares,
que são suscetíveis a desgastes na opinião pública. O jogo tradicional feito por Lula como Congresso no primeiro mandato não funciona mais,
afirma o professor.
“Umingrediente novo seria mostrar à elite política que o boicote ao governo tem custo.
Paraisso, precisa de mobilização. Se continuar no ritmo de hoje, o governo terá muita dificuldade de apresentar resultados palpáveis para asua base. E isso não se faz com meme de picanha barata”
O Sul é o meu País/ Veja Bem
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