A4 QUINTA-FEIRA, 27 DE JULHO DE 2023
FOLHA DE S.PAULO *
política PAINEL |
Trincheira pa Fábio Zanini inelgrupofolha.com.br A nomeação de Marcio Pochmann para o IBGE deve reforçar a artilharia do governo contrária ao presidente do BC, Roberto Campos Neto. Crítico contumaz da instituição, que chama de “sindicato dos banqueiros”, ele defende a revogação da lei que estabeleceu sua autonomia. Também já atacou o boletim Focus, que faz projeções semanais sobre indicadores. “Até quando o BC continuará emitindo como suaa opinião média de ideólogos do próprio mercado financeiro?” perguntou, em 2020.
DEIXA PRA LÁ A cúpula do MDB procurou minimizar a escolha de Pochmann e afir mou que o órgão é muito técnicoe andasozinho. A indicação foifeita à revelia da ministra do Planejamento, Simone Tebet, da cota do partido.
Prevenida, ela não apontou ninguém para a presidência do IBGE por saber que Lula poderia precisar do espaço.
FATURA O governo Lula nomeou Pedro Paulo da Silveira, ligado ao prefeito de Belford Roxo, Waguinho Carneiro
(Republicanos), para o cargo de Superintendente do Patrimônio da União no Rio de Janeiro. A indicação é parte do pacote de compensações pela demissão de Daniela Carneiro,
mulher do prefeito, do Ministério do Turismo. Waguinho deve ser contemplado com outras posições ainda.
BOCA FECHADA... As declarações doembaixador da União Europeia, Ignacio Ybanez, criticando o “relativismo” do presidente Lula sobre a democraciana Venezuela, foram vistas como uma barbeiragem dentro do governo brasileiro. Em entrevista à Coluna do Estadão, o diplomata espanhol tambémpediu que o petista sejamais ativona defesa daintegridade territorialucraniana.
«NÃO ENTRA MOSQUITO Ascríticas ocorrem num momento delicado para o acordo entre União Europeia e Mercosul. O Brasile os sócios devem enviar nos próximos dias a resposta àcartados europeus com exigênciasadicionais na área ambiental, que pode ameaçar o tratado. Qualquer ruído neste momento não ajuda, segundo uma autoridade que acompanha as negociações.
com Danielle Brant e Caue Fo Cláudio CHECKLIST Relatóriodo Comitê de Direitos Humanos da ONU sobre o Brasil, divulgadonesta quarta pede a revisão da Lei da Anistia, defende a criação de um tipo penal específico para crimes de ódio e deum órgão nacional independente para cuidar do tema. O documento faz parte da resposta à sabatina à qual o Brasil foi submetidoemjunho, em Genebra.
RECADO O comité registra “preocupação coma falta de implementação de recomendações da Comissão da Verdade” e pedea criminalização explícita de
“atosde ódio” contraminorias.
Para Camila Asano, diretora da Conectas, o órgão mandauma mensagem forte em uma semanamarcada por desdobramentos no caso Marielle Franco.
PEÇA... A Prefeitura de Porto Alegre publicou edital de privatização da Carris, empresa que explora 22% das linhas de ônibus da cidade e é tida comoa estatal de transporte em operação mais antiga do Brasil. Foi criada em 1872 por decreto de Dom Pedro 2º e começou a operar com veículos tracionados por burros de carga. Passou por bondes elétricos até chegar aos ônibus.
«DE MUSEU “Não acredito que seja papel da prefeitura ter empresa de ônibus. E há um compromisso de campanha também. Quem votouna gente sabia que desestatizaríamos a Carris”, diz o prefeito da capital gaúcha, Sebastião Melo (MDB).
VISITA À FOLHA O deputado federal Marco Bertaiolli (PSD-
-SP) esteve no jornal nesta quarta-feira Acompanhava-o Otávio Cabral, sócio da Caravelas Comunicação.
nseca É DOLOROSO TER DE PEMITIR PO MINISTÉRIO COMPANHEIROS PO PTS GRUPO FOLHA FOLHA DE S.PAULO * * x UM JORNAL A SERVIÇO DO BRASIL Redação São Paulo UFEDAA;
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339.772 exemplares (junho de 2023)
O ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR) discursa no plenário do Senado - Jefferson Rudy -28.jun.23/Agência Senado Moro fica isolado e tenta pontes com Judiciário sob risco de perder mandato Réu na Justiça Eleitoral por suspeita de abuso de poder econômico,
senador evita assunto com colegas diante da falta de apoio político Catia Seabra e Thaisa Oliveira BRASÍLIA Réu em uma ação de investigação eleitoral sob suspeita de abuso de poder econômico na pré-campanha das eleições de 2022, o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) tem recorrido a integrantes do Judiciário na tentativa de impedir a cassação deseu mandato e compensar a falta de apoio político dentro e fora do Senado.
O ex-juiz da Lava Jato, sem trânsito no cenário político,
foi orientado por aliados a estabelecer pontes no meiojurídico, que definirá seu destino.
Hoje ciente do risco de per da de mandato, Moro passou a intensificar essa estratégia de defesa desde o avanço do caso de Deltan Dallagnol (Podemos-PR), ex-coordenador da Lava Jato em Curitiba. Em maio, o processo culminou na cassação, por unanimidade, de seu mandato de deputado federal pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O senador estava em um evento de seu partido quando recebeuanotícia sobre Deltan e, de acordo com pessoas presentes, a reação foi de total perplexidade.
No dia seguinte à cassação do mandato de Deltan, Moro se reuniu com o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, após esperar pelo ministro, sozinho, em uma poltrona do salão branco do STF
(Supremo Tribunal Federal).
A conversa ocorreu no ruidoso ambiente que marca os intervalos das sessões, geralmente usados por ministros para receber advogados.
Desde a cassação do mandato de Deltan, Moro também esteve em audiências com os ministros Rosa Weber, presidente do STF, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux.
Segundo relatos, as conver sas foramsolicitadas a pretexto de se discutir um projeto a cargo da deputada federal e esposa de Moro, Rosângela Moro (União Brasil-SP), no Congresso, mas serviram para que o ex-juiz pudesse abor dar osintegrantes da corte.
Em gestos considerados como acenos aos ministros do Supremo, Moro não assinou o pedido de impeachment de Barroso e criticou ahostilidade a Moraes no aeroporto internacional de Roma. Também quis deixar claro quenão era contra aindicação de Cristiano Zanin ao Supremo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) —seu adver sário nos tempos de Lava Jato—, por questões pessoais.
Anova configuração do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná também serviu de alerta, segundoaliados do ex-juiz.
Aconselhado a buscar magistrados no Paraná, Moro se reuniu com o presidente do Tribunal de Justiça do Paraná, Luiz Fernando Tomasi Keppen, no final do mês passado. Segundo interlocutores do senador, ele também já se encontrou com o presidente do TRE paranaense,
Wellington Emanuel Coimbra de Moura.
No Senado, a avaliação é a de que nem mesmo senadoresda oposição vão defender o colega se houver decisão desfavorável da Justiça. Com histórico antipolítica dosanosà frente da Lava Jato, Moro não é próximo de caciques da Casa e mantém relação “institucional” com os demais.
Apesar de fazerem comentários elogiosos ao exjuiz, senadores da oposição e colegas de partido dizem que Moro é muito reservado e participa dealmoços e jantares —geralmente junto à esposa— apenas para tratar de trabalho.
Segundo parlamentares ouvidos pela reportagem, Moro não fala da ação eleitoral nem com colegas mais próximos.
Umilíder afirma que Moro parecenegar a ameaça de cassação até para si próprio.
Do outro lado, caciques políticos não escondem o desconforto com o ex-juiz. No mesmo dia em que tomou posse,
Moro ouviu do senador Omar Aziz (PSD-AM) que aúltimajuíza a passar pelo Senado, conhecida como “Moro de saias” (referindo-se à ex-senadora Selma Arruda) não ter minou o mandato.
O caso de Selma é frequentemente comparado ao de Moa ENTENDA AÇÃO ELEITORAL CONTRA SERGIO MORO Abuso na pré-campanha Moro é réu de ação por suspeita de abuso de poder econômico na pré-campanha de 2022 por usar estrutura e exposição para um pleito presidencial, e depois migrar paraa disputa ao Senado Gastos além do permitido Também pesa contra Moro gastos eleitorais acima dos limites estabelecidos pela lei —para a disputa pelo Senado do Paraná, oteto eradeR$4,4
milhões, e o ex-
-juiz declarou R$5,2 milhões,
segundo o TSE Trâmite da ação O processo tramita no TRE-PRe está na fase de produção de provas. À interpelação será votada pelos desembargadores da corte eháa avaliação de uma tendência desfavorável ao senador Recursos Caso seja declarado inelegível,
Moro ainda pode oferecer recursos, e a ação pode chegar ao TSE ro dentro e fora da política.
Eleita pelo PSL-MT, ela teve o mandato cassado por abuso de poder econômico e caixa dois na campanha de 2018.
Com a convocação de novas eleições em Mato Grosso, a vagano Senado foi ocupada pelo hoje ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD).
Parlamentares da base afirmam ainda que a tropa de choque coma qualo senador anda pelo Senado — dois policiais e dois assessores — dá a impressão de que ele faz questão de manter o ar de superioridade dos tempos de juiz.
Moro ganhou direito à proteção da Polícia Legislativa apósadescoberta, emmarço,
de um plano da facção criminosa PCC contra ele e a família. Além do ex-juiz, só o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e Flávio Bolsonaro (PL-RJ), circulam pela Casa escoltados.
Aliados de Moro ponderam ascríticas de governistas, e dizemque ele temtentado manter uma boa relação com todos os colegas de Senado. Par lamentares próximos argumentam ainda que, de forma geral, ossenadores veteranos são fechados aos novatos, o que dificulta a aproximação.
Osenador também tem feito acenos a políticos do estado, mas não consegue escapar de tropeços.
Emevento em Ponta Grossa
no início do mês, Moro afirmou que o ex-prefeito Jocelito Canto (PSDB) foi injustiçado em uma ação que o impediu de assumir vaga na Càmara. Mas o autor da ação, O secretário estadual de Logistica do Paraná, Sandro Alex
(PSD), estavano mesmo palco.
A dificuldade de construir pontes no Paraná esbarra ainda no imbróglio com Álvaro Dias (Podemos), um dos maiores entusiastas da candidatura de Moro ao Planalto.
Em 2022, Moro não só trocou o Podemos pela União Brasil, mas também ajudou aderrotar o antigo padrinho político ao disputar a única vaga do Senado pelo Paraná.
Osenador foi procurado pela reportagem, mas não quis se manifestar
Moro fica isolado e tenta pontes com Judiciário sob risco de perder mandato
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