A Copel foi privatizada nesta quarta-feira (9) após uma oferta bem-sucedida de ações em Bolsa, movimentando R$ 5,2 bilhões, incluindo a venda de um lote suplementar. As ações foram vendidas a R$ 8,25, um ágio de 5% em relação ao preço de referência estabelecido pela companhia no lançamento da oferta, em 26 de julho, de R$ 7,85 por ação. No pregão da terça-feira, a ação fechou em R$ 8,31.
A oferta da Copel está entre as maiores já realizadas na B3 nos últimos anos, ficando atrás somente dos follow-ons (oferta subsequente de ação) da BRF (R$ 5,3 bilhões), no mês passado, e da Rumo (R$ 6,4 bilhões), em agosto de 2020. A Copel atraiu vários estrangeiros e desde o final da semana passada a demanda já superava os R$ 10 bilhões.
A gestora norte-americana GQG se comprometeu a levar US$ 100 milhões das ações. Outras gestoras que manifestaram interesse nas ações foram a também americana, Zimmer, que investe no setor de petróleo, energia e saneamento. Entre os papéis em sua carteira estão a Duke Energy, a Cheniere Energy, de Houston, e a Eletrobras.
A gestora carioca SPX e a 3G estão ainda entre as que teriam feito reserva, segundo fontes do mercado. Esta é a primeira operação de privatização com oferta de ações em bolsa desde a Eletrobras, no meio do ano passado, que movimentou R$ 34 bilhões. A Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) foi privatizada em leilão no final do ano passado e arrematada para a Aegea, única ofertante, por R$ 4,1 bilhões. Antes, tinha tentado fazer uma oferta de ações, mas com a piora do mercado acabou mudando de planos.
Participação
No lançamento da oferta, a Copel informou a venda inicial de 549 milhões de ações ordinárias (ON, com direito a voto). A distribuição primária de 229,9 milhões levantará recursos para pagar a renovação da concessão de três hidrelétricas, que vencem em dezembro. Já o governo do Paraná vendeu 319 milhões de ações, reduzindo sua participação na empresa. A oferta foi coordenada pelo BTG Pactual, o líder da transação, e por Itaú BBA, UBS BB, Bradesco BBI e Morgan Stanley.
TCE mantém anulação de suspensão da venda de ações
Por quatro votos a dois, o Pleno do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR) manteve ontem decisão adotada, na última segunda-feira, pelo presidente conselheiro Fernando Guimarães, anulando liminar concedida pelo conselheiro Maurício Requião, que havia determinado a suspensão do processo de privatização da Copel. Guimarães reestabeleceu a ordem processual, redistribuindo o processo relativo à uma denúncia sobre possíveis irregularidades na venda da Copel ao relator original, o conselheiro Augustinho Zucchi.
O presidente do tribunal reafirmou que houve um erro material no processo, promovendo a anulação do despacho do gabinete de Mauricio Requião, que determinava a paralisação do processo de venda de ações da Copel. Votaram a favor da decisão do presidente os conselheiros Ivan Bonilha, Durval Amaral, Ivens Linhares e Augustinho Zucchi. Votaram contra os conselheiros Mauricio Requião e Fabio Camargo.
A denúncia foi feita pelo ex-servidor da empresa Cláudio Behling, dando conta de possíveis irregularidades no lançamento da oferta pública de ações da Companhia, dentro do seu processo de transformação em corporação.
Abuso de poder – Em seu voto, Maurício Requião criticou a decisão de Guimarães. “Eu era relator do processo tive o processo tomado e redistribuído para outro conselheiro. Podem os senhores discordarem dos meus argumentos, mas o processo é muito claro. E o regimento traz todos os caminhos para que as dúvidas pudessem ser dirimidas institucionalmente pelo plenário”, afirmou ele, dizendo que a decisão de Guimarães configura “abuso de autoridade”. “O presidente declarou de ofício (a anulação da decisão) sem ser provocado por ninguém”, queixou-se ele.
O presidente do TCE alegou que ficou sabendo da decisão do conselheiro por blogs. “Não precisa de provocação de ofício. É em caráter excepcional. Não tenho grupo político. Foi uma decisão administrativa”, argumentou.
Oposição recorre ao TJ para barrar desestatização
Os deputados de Oposição na Assembleia Legislativa que integram a Frente Parlamentar em Defesa das Estatais e das Empresas Públicas, ingressaram ontem com um mandado de segurança no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) solicitando que seja mantida a decisão do conselheiro do Tribunal de Contas (TCE), Maurício Requião, relato, que determinou a suspensão do processo de privatização da Copel na segunda-feira.
No pedido, os parlamentares apontaram ilegalidade na decisão do presidente do TCE, Fernando Guimarães, que cassou a liminar que paralisou a venda da companhia. Os parlamentares argumentam que, com base no Regimento Interno do TCE, “não existia excepcionalidade e urgência possibilitando a atuação de ofício do presidente” contra a decisão de Maurício Requião.
Copel é privatizada em maior operação dos últimos anos da Bolsa
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