O perfil dos pobres do Rio Grande do Sul envelheceu na última década. Apesar de os idosos ainda serem a menor parcela da população nos índices de composição da pobreza, eles tiveram a presença ampliada de 2,7% para 4,5% no total de pessoas de baixa renda no Estado, entre 2012 e 2022. Com relação à pobreza extrema, o grupo passou de 3,6% para 5% do todo.
Os dados fazem parte do estudo Incidência de Pobreza entre os Idosos: 2012-2022, produzido por pesquisadores do Pucrs Data Social, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. O levantamento foi feito com base em informações da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios Contínua (PNADc), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São consideradas na linha da pobreza pessoas com uma renda de aproximadamente R$ 636,52 per capita por mês, e, na de extrema pobreza, de R$ 199,78 per capita por mês.
O aumento da participação das pessoas com 65 anos ou mais entre aquelas na linha da pobreza foi acompanhado de um envelhecimento geral da população gaúcha. No período analisado, essa faixa etária passou a constituir 13,2% dos habitantes do RS, contra 9,6% em 2012.
Andre Salata, coordenador do Pucrs Data Social, destaca que a mudança no perfil dos habitantes mais pobres faz parte de um processo de transição demográfica: enquanto o número absoluto de pessoas de baixa renda caiu 21,3% entre os jovens de até 19 anos e 7,7% entre os adultos de 20 a 64 anos, no período de 2012 a 2022, a quantidade de idosos nesse grupo foi ampliada em 46,7%. Essa transformação vem acompanhada da demanda por adaptações de políticas públicas.
— Nossa pobreza vai, aos poucos, se tornando mais adulta e mais idosa do que era. Isso significa que nossas políticas públicas terão que se adaptar a um novo perfil. Hoje, programas de alívio da pobreza são voltadas principalmente para a população jovem, como o Bolsa Família, por exemplo, mas será necessário expandir e melhorar políticas como a aposentadoria, a previdência social e o Benefício de Prestação Continuada (BPC) — cita Salata.
O piso da aposentadoria, por exemplo, já garante que um idoso que more sozinho esteja acima da linha da pobreza. Se divide residência com outras pessoas, no entanto, já pode ficar abaixo. Segundo o pesquisador, mais importante do que criar novas políticas públicas é qualificar as existentes, que já oferecem uma boa proteção social para os mais velhos, o que é percebido diante da ainda baixa presença deles no total da população pobre.
Brasil
Em nível nacional, o mesmo movimento foi identificado. O percentual de idosos passou de 7,72% para 10,49% da população brasileira, com uma ampliação também acompanhada do aumento de pessoas dessa faixa etária na linha da pobreza: se, em 2012, 2,9% da população em situação de pobreza era composta por idosos, em 2022 esse percentual sobe para 4,2%.
Em números absolutos, é um aumento de 2 para 2,8 milhões de idosos vivendo abaixo da linha de pobreza. No que se refere à população extremamente pobre, o percentual de idosos subiu de 1,4% para 3,1%, o que representa um aumento absoluto de 216 mil idosos em situação de extrema pobreza em uma década.
Pobreza entre idosos aumentou na última década no RS, aponta estudo da PUCRS
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