O Ministério Público do Paraná (MPPR) pediu à Polícia Civil que instaure novo inquérito para apurar um possível racha — e, consequentemente, o envolvimento de um segundo motorista — no acidente que matou o trabalhador Marcelo Trindade, de 48 anos, em um trecho da BR-277, em julho de 2020. O pedido ocorre quase dois meses após o motorista da BMW envolvido no caso ser condenado a 9 anos, 10 meses e 15 dias de prisão por homicídio doloso e omissão de socorro.
O órgão informou ter enviado um ofício com a solicitação à Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran), que foi responsável pelas investigações, e chegou a concluir que um racha entre dois motoristas causou o acidente e provocou a morte do trabalhador que prestava serviços de limpeza à concessionária RodoNorte. A reportagem procurou o delegado-titular da delegacia mencionada para comentar o caso e aguarda retorno.
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1/2 Motorista da BMW conduzia o automóvel a 160 km/h; velocidade máxima permitida no trecho era de 80 km/h – Foto: Marcelo Borges/Banda B
2/2 Motorista da BMW conduzia o automóvel a 160 km/h; velocidade máxima permitida no trecho era de 80 km/h – Foto: Divulgação/PRF
“No julgamento, foi destacado que ele [motorista da BMW] participava de uma disputa automobilística com outro veículo, um Volvo, quando perdeu o controle do carro e atropelou o trabalhador, saindo depois sem prestar socorro. Com o pedido feito à Polícia Civil, o MPPR pretende que se investigue se de fato houve a participação do outro motorista no acidente, ainda que de forma indireta, para assim buscar sua eventual responsabilização pelo crime”, divulgou a Procuradoria nesta terça-feira (17).
A Banda B apurou que o pedido de abertura de um novo inquérito sobre o caso é resultado de declarações feitas por testemunhas durante o julgamento de Silvio Eduardo de Alencar Santos, de 23 anos, que conduzia a BMW. Ele, que segue preso, também foi condenado a indenizar em R$ 90 mil a viúva e os filhos da vítima, além de ter tido o direito de dirigir suspenso.
Embora a Polícia Civil e o Ministério Público tenham concluído que houve racha, a 1.ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná seguiu o caminho oposto e contestou o resultado obtido pelas investigações dos dois órgãos.
À época do ocorrido, a Polícia Civil apurou que Silvio disputava racha com um médico, que chegou a ficar preso por dois dias. O dermatologista foi solto no dia 6 de agosto de 2020 porque a Justiça entendeu que não haviam “motivos para a prisão”, segundo informou a defesa dele. O médico nega ter envolvimento no racha que terminou em acidente. A Banda B tenta contato com a defesa dele.
Imagens registradas por uma câmera de monitoramento apontavam para a prática de racha entre Silvio e o médico, que dirigia um veículo Volvo, de acordo com a Polícia Civil (assista abaixo). Um laudo obtido pela Dedetran apontou que o dermatologista dirigia o veículo a 179 km/h, enquanto Silvio, a 160 km/h. O atropelamento aconteceu após Silvio capotar a BMW e invadir o sentido contrário da rodovia.
“Ele [Silvio] afirmou que não estava em alta velocidade. No entanto, não se recorda da velocidade exata que estava no momento do acidente. Disse também que no trecho do acidente teria sido fechado pelo veículo Volvo, de cor escura, o obrigando a frear e jogar para o lado esquerdo, canteiro, que então perdeu o controle do veículo. Ele alegou que vinha de Guarapuava para Curitiba e que foi fechado”, disse o delegado responsável pelo caso na época.
Após o acidente, as investigações revelaram que Silvio enviou uma mensagem para a mãe e disse que havia tido “sorte”. De acordo com o Ministério Público, o jovem publicava imagens do rachas que fazia nas redes sociais. “Logo após o acidente, em vez de socorrer a vítima, o acusado ainda tirou uma ‘selfie’, na qual aparece o carro capotado, e enviou mensagens a familiares brincando com o fato de ter tido ‘sorte’ no caso. Foi apurado ainda que os pneus dianteiros do veículo estavam ‘careca’”, divulgou a Procuradoria.
O trabalhador Marcelo Trindade, morto atropelado aos 48 anos – Foto: Reprodução
A defesa de Silvio chegou a afirmar à reportagem, em agosto, que “respeita a decisão do conselho de sentença”, mas prometeu que buscaria “a condenação do condutor do veículo Volvo, haja vista ter direcionado os debates considerando a existência de disputa ou competição automobilística, contrariando, desta forma, a decisão da 1ª Câmara Criminal, que reconheceu inexistir disputa automobilística, trancando a ação penal com relação ao condutor do veículo Volvo”.
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Após condenação de réu, MP pede novo inquérito sobre possível racha em acidente que matou trabalhador na BR-277
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