À medida que o Brasil celebra o Dia da Consciência Negra em 20 de novembro, lembrando a morte de Zumbi dos Palmares, líder do quilombo dos Palmares, é crucial refletir sobre as profundas raízes históricas e os desafios contemporâneos que a população afrodescendente enfrenta.
Este dia marca o início do Novembro Negro, um movimento que vai além da celebração, servindo como um lembrete contínuo das lutas pela igualdade racial e afirmação do orgulho negro.
Legado de resistência
O Quilombo dos Palmares, estabelecido na década de 1580, foi um marco na história da resistência negra no Brasil. Este refúgio para escravizados em fuga tornou-se um símbolo de luta pela terra e direitos. Inspirado por este legado, o Movimento Negro Unificado emergiu nos anos 70, entrelaçando a luta antirracista com a busca por democracia e justiça social.
Desafios persistentes
Apesar dos progressos, a realidade atual ainda reflete desigualdades raciais significativas. Uma recente pesquisa desenvolvida pelo Ensino social profissionalizante (Espro) revelou dados alarmantes: 84% dos jovens negros já sentiram ou presenciaram situações de preconceito nas escolas, ou faculdades do país. Este estudo, intitulado “Pesquisa Diversidade Jovem 2023”, ouviu 2.738 adolescentes e jovens, com idades entre 14 e 23 anos, dos quais 54% se declararam negros.
A pesquisa também apontou que o preconceito não se limita apenas ao ambiente educacional. Seis em cada dez jovens já enfrentaram situações de preconceito dentro do ambiente familiar, e 77% relataram experiências similares em locais públicos como transporte, consultórios médicos, restaurantes e lojas.
O professor José Nilton Júnior, Mestre em História Social UFRJ, Doutorando em História Política e autor do livro Steve Biko e o Movimento Consciência Negra: Trajetória e Atuação de um Jovem Líder Negro na África do Sul (1969 – 1977)” observa que:
“É importante refletir sobre os lugares que as pessoas pretas ainda não ocupam na nossa sociedade, e o que podemos fazer para mudar essa realidade? Importante que não naturalizamos essa ausência, muito pelo contrário. O dia da Consciência Negra é para reflexão de todos, buscarmos letramento racial para combatermos de fato essa mazela da nossa sociedade, o racismo!”.
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O papel do Novembro Negro
Este movimento enfatiza a importância de reconhecer e valorizar a diversidade cultural e a contribuição da população negra na formação da sociedade brasileira.
Iniciativas durante o Novembro Negro visam fortalecer a identidade e autoestima negra, promovendo a expressão cultural e a conscientização sobre o racismo estrutural, incentivando discussões e ações que abordem suas manifestações e impactos.
Leitura para consciência e mudança
A Editora Dialética reafirma seu compromisso com a educação e a leitura como ferramentas vitais na luta contra o racismo e na promoção de uma sociedade mais equitativa, contribuindo para uma compreensão mais profunda e uma sociedade mais justa.
Confira alguns livros publicados pela editora para enriquecer sobre o assunto:
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“Feminismo Negro: Luta por Reconhecimento da Mulher Negra no Brasil”
Este livro aborda as desigualdades sociais, racistas e sexistas na sociedade brasileira, com foco na luta das mulheres negras por reconhecimento e justiça.
“Políticas Públicas Antirracistas: Análises sobre Racismo Estrutural e Programas de Transferência de Renda”
A obra analisa a pobreza e a extrema pobreza no Brasil sob uma perspectiva racializada, destacando a necessidade de políticas econômicas antirracistas.
“Steve Biko e o Movimento Consciência Negra: Trajetória e Atuação de um Jovem Líder Negro na África do Sul (1969 – 1977)”
O livro investiga a vida e a influência de Steve Biko, um ativista anti-apartheid sul-africano, e a construção de sua memória.
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O papel da literatura na educação antirracista
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