EM BUSCA DE AJUDA
nessa situação. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera violência contra as mulheres “qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, no âmbito público ou privado”.
ABUSOS E SAÚDE
Mais de 60% das mulheres fizeram denúncia à polícia, dados oficiais e entrevistas
SEXTA- FEIRA, 1 º/ 12/ 20 2 3
FERNANDA TUBAMOTO
DAS VÍTIMAS
O Brasil ainda enfrenta alta subnotificação po-
61%
DAS VÍTIMAS DECLARADAS DISSERAM NÃO TER FEITO DENÚNCIA FORMAL ÀS AUTORIDADES POLICIAIS
Em outubro, pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), da University of Washington (EUA) e da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) publicaram um estudo revelando que, no Brasil, a subnotificação da violência contra as mulheres no Brasil foi de 98,5%, 75,9% e 89,4% para as violências psicológica, física e sexual, respectivamente. Os números foram estimados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) com base na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) para o Brasil e as unidades federativas. De acordo com o estudo, o número de mulheres que sofreram violência e procuraram atendimento em saúde foi 10 vezes superior ao número de notificações policiais de violência contra a mulher. Os estados das regiões Norte e Nordeste foram os que apresentaram maior percentual de subnotificação. A violência psicológica foi a mais subnotificada em todos os estados brasileiros, enquanto a física foi a de menor subnotificação. Somente em Minas Gerais, o índice de subnotificação para violência psicológica foi de 98,5%; de 59,9% para violência física; e de 83,4% para violência sexual.
E os relatos obtidos indicam que a
leia também no
36
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
O trabalho apresenta também dados oficiais de
dados públicos sobre violência contra mulheres no Brasil, trazendo também as 10 edições da Pesquisa Nacional da Violência Contra a Mulher, a maior e mais longa realizada com mulheres no Brasil, que ouviu, em seu último levantamento, 21 mil brasileiras, sobre suas percepções e vivências relacionadas a violência doméstica e familiar. O trabalho é resultado de uma parceria entre o Observatório da Mulher contra a Violência (OMV) do Senado, o Instituto Avon e a Organização Social Gênero e Número. “Os dados da Pesquisa Nacional mostram não só números, mas dizem respeito à própria vida e experiência das mulheres reais”, afirma Maria Teresa Prado, coordenadora do Observatório. violência e sua subnotificação podem
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DISSERAM, DE FORMA
O SILÊNCIO
www.em.com.br
segurança pública; mortes violentas de mulheres; registros de violência doméstica e sexual; além do número de mulheres que recorreram a medidas protetivas e processos. De acordo com os dados apurados, 27% das mulheres que declaram ter sofrido violência solicitaram Medida Protetiva de Urgência e, entre elas, 48% afirmam que em algum momento houve descumprimento por parte do agressor. que fizeram em relação à última agressão, 60% das vítimas disseram ter buscado a ajuda da família, 45% procuraram a igreja e 42% acessaram os amigos. Apenas 31% denunciaram em delegacias comuns e 22% foram às Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher. mento da violência contra a mulher tenha, no lançamento do Mapa, um marco histórico, em cumprimento ao artigo 8º da Lei Maria da Penha, que prevê a sistematização de dados a serem unificados nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados das medidas adotadas”, afirma a diretora Executiva do Instituto Avon, Daniela grelin. va é tão importante para pautarmos políticas públicas e ações focadas no enfrentamento das violências contra mulheres e meninas. A plataforma só foi possível graças a uma colaboração intensa e profícua entre o setor público (Senado) e organizações privadas, como o Instituto Avon e a Gênero e Número”, complementa ela . ¦ Quando perguntadas sobre o “Acreditamos que o enfrenta“Por isso, o lançamento desta plataforma interati-
ESPONTÂNEA,
alvos de violência no país não aponta pesquisa baseada em
GLADYSTON RODRIGUES/EM/D.A PRESS – 12/7/22
30%
ESTADO DE MINAS
TRANSPORTE
licial de casos de violência contra a mulher, de acordo com dados divulgados pelo Mapa Nacional da Violência de Gênero. Apesar de 30% das mulheres brasileiras entrevistadas para o levantamento terem declarado espontaneamente já terem sido vítimas de algum tipo de violência – doméstica ou familiar –, cerca de 61% das que fazem parte desse grupo não fizeram denúncia formal às autoridades policiais, aponta o estudo. plataforma digital interativa alguns dos principais
GERAIS
EDITORA: VERA SCHMITZ
TER SIDO
O Mapa Nacional da Violência reúne em uma
DAS MULHERES ENTREVISTADAS
ser ainda mais amplas, quando se considera o Índice de Subnotificação Desconhecida, também apurado pelo estudo. Esse índice se aplica às vítimas que não nomeiam a violência doméstica e familiar como tal, mas que, quando apresentadas a exemplos, admitem já ter passado por violências nos últimos 12 meses. De acordo com os dados, três em cada 10 mulheres brasileiras que não admitiram espontaneamente terem passado por algum tipo de violência se enquadram
O silêncio das vítimas
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