O Partido Social Democrático (PSD) no Paraná disse, nesta quinta-feira (7), que não há motivo para a abertura de procedimento disciplinar contra o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), deputado estadual Ademar Traiano. No estado, a sigla é presidida pelo governador Ratinho Junior.
Em nota, o PSD justifica que não houve condenação do filiado no caso e que, portanto, não há qualquer infração que motive a abertura de procedimento disciplinar interno.
Porém, Traiano confessou ter recebido R$ 100 mil em propina, mas não chegou a responder a um processo penal por ter assinado acordo com o Ministério Público do Paraná (MP-PR).
No Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), o deputado admitiu o recebimento da vantagem indevida, se comprometeu a pagar R$ 187 mil a título de compensação e, em troca, não foi processado na Justiça.
O g1 pediu explicações ao PSD nacional, mas ainda não recebeu resposta. Traiano está no partido desde março de 2022.
Em nota, Traiano afirma não haver nenhuma investigação em andamento sobre os documentos divulgados e que estão em segredo de Justiça.
"Esse documento sigiloso foi vazado ilegalmente, conforme já atestado pelo Ministério Público e pela própria Justiça. Apesar de uma decisão judicial ter liberado a imprensa de divulgar sobre os documentos já vazados, o sigilo dos atos processuais persiste, impondo-se que as devidas explicações sejam dadas apenas no momento oportuno", diz a nota.
O acordo com o Ministério Público
O acordo com o Ministério Público foi firmado em dezembro de 2022 e foi homologado pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR).
A negociação da propina foi citada em delação premiada do empresário Vicente Malucelli, que era o representante da TV Icaraí, pertencente ao grupo J.Malucelli, que venceu uma licitação para produção de conteúdo da TV Assembleia.
O ex-deputado estadual Plauto Miró (na época primeiro-secretário da Alep) também fechou o mesmo tipo de acordo com o MP e admitiu ter pedido e recebido propina.
Plauto foi procurado pelo g1 para comentar o caso, mas não respondeu aos questionamentos.
MAIS DETALHES DO CASO:
OAB pede que Traiano renuncie
Nesta quinta, a Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB-PR) pediu o afastamento "urgente" do deputado estadual Ademar Traiano da função de presidente da Alep.
Em ofício endereçado ao próprio Traiano e ao corregedor da assembleia, deputado Artagão Junior (PSD), a OAB pede a renúncia do parlamentar, alegando que o episódio revelado "abalou significativamente o prestígio" da Assembleia.
De acordo com a entidade, a situação "demanda ações concretas e efetivas para o restabelecimento da dignidade do Poder Legislativo".
Em nota, a assessoria de Traiano disse que ele não vai se pronunciar sobre o pedido da OAB porque "ainda não tem conhecimento sobre o assunto".
Justiça proibiu RPC e g1 de exibir conteúdo sobre confissão
A Justiça derrubou nesta quarta-feira (6) liminar que proibia a RPC e o g1 de noticiar conteúdo sobre a confissão de Traiano e de Plauto Miró sobre pedido e recebimento de propina.
No último sábado (2), a RPC foi proibida de exibir uma reportagem no Boa Noite Paraná com a revelação. A liminar se estendia também a Rede Globo e ao portal g1, que foi obrigado a tirar do ar uma reportagem com o mesmo teor.
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PSD no Paraná diz não haver motivo para procedimento disciplinar contra Traiano mesmo após deputado admitir recebimento de propina
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