O júri popular de Onildo Chaves de Córdova II foi suspenso nesta terça-feira (30), em Curitiba.
Ele é dono de um posto de combustíveis e acusado de ser o mandante da morte do empresário Fabrizzio Machado da Silva, que presidia a Associação Brasileira de Combate a Fraudes de Combustíveis (ABCFC).
Fabrizzio foi assassinado a tiros em 2017, aos 34 anos, quando chegava em casa, em Curitiba.
De acordo com a denúncia do Ministério Público do Paraná (MP-PR), a vítima investigava fraudes em postos de combustíveis. A investigação da Polícia Civil apontou que o assassinato teve relação com a atividade de fiscalização.
O júri começou por volta das 8h30, mas precisou ser interrompido após a banca de defesa deixar o plenário. Com isso, o juiz decretou a prisão preventiva de Onildo e aplicou uma multa de R$ 100 mil a ele.
Agora, segundo o Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), uma nova data será marcada para o julgamento.
O júri ouviria nesta segunda dez testemunhas, sendo cinco de defesa e cinco de acusação.
Defesa deixou o plenário
Os advogados responsáveis pela defesa de Onildo fizeram uma série de pedidos ao juiz, alegando que não tiveram acesso à íntegra do material probatório. Além disso, afirmaram que foi juntado ao processo um grande volume de informações fora do prazo previsto pelo código penal.
Porém, os pedidos foram negados.
A acusação solicitou que um dos advogados da banca de defesa deixasse o júri, alegando que durante a fase do inquérito policial ele ouviu uma testemunha que indicou Onildo como mandante do crime.
Por conta disso, segundo a acusação, poderia haver um conflito. O juiz acatou o pedido e a banca de defesa decidiu deixar o plenário, atitude que foi fortemente criticada pelo magistrado.
A acusação
Segundo a denúncia do MP-PR, Fabrizzio foi morto na época em que ajudava uma equipe de jornalistas a fazer uma reportagem sobre a fraude de combustíveis em São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
Três horas antes de ser assassinado, ele havia feito o último contato com os repórteres.
Conforme a denúncia, Onildo Chaves de Córdova II, dono de um posto de combustíveis, encomendou a morte de Fabrizzio.
A acusação diz que Onildo procurou Jefferson Rocha da Silva, que aderiu ao plano e indicou Patrick Jurczyszyn Leandro para executar o crime.
De acordo com a decisão, Leandro recebeu a oferta de aproximadamente R$ 20 mil para matar a vítima.
Um quarto suspeito Matheus Willian Marcondes Guedes, também foi investigado e julgado. Conforme o MP-PR, ele havia dirigido o carro usado no dia do crime.
Em 2021, os três foram julgados. Dois deles foram condenados e um foi absolvido:
Patríck Jurczyszyn Leandro: foi acusado por ter feito os disparos contra a vítima e foi condenado a 30 anos de prisão.
Matheus Willian Guedes: acusado de participar do plano de execução do empresário e foi condenado a 23 anos de prisão.
Jefferson Rocha: acusado de participar do plano de execução, mas foi absolvido.
O crime
Leandro e Guedes foram até as proximidades da casa do empresário e, quando ele chegava ao local, de carro, por volta das 22h, os dois bateram na traseira do veículo da vítima.
Ao sair do veículo para ver o que tinha acontecido, Fabrizzio foi atingido por tiros disparados por Leandro, sem chance de defesa. Uma câmera de segurança registrou o momento do crime.
Em seguida, os dois acusados fugiram do local. No dia seguinte, o carro usado por eles foi encontrado queimado na Região Metropolitana de Curitiba.
Dois dias depois da morte de Fabrizzio, em 25 de março, a Polícia Civil paranaense deflagrou a Operação Pane Seca, que fechou nove postos de combustíveis em Curitiba e na Região Metropolitana e prendeu seis pessoas. Um dos postos alvos da operação pertence a Onildo.
O que dizem os citados
Por meio de nota, o advogado Adriano Bretas, responsável pela defesa do acusado, afirmou que "ficou claro e notório o impedimento do trabalho da defesa, tendo os advogados o impedimento de fala e dois advogados de permanência em plenário".
"A defesa foi impossibilitada de exercer a defesa. Dois advogados foram expulsos do plenário, magistrado impediu que eles atuassem, dois advogados com capacidade postulatória, habilitados no processo, foram impedidos de exercer a defesa", afirmou.
A defesa afirmou ainda que solicitará um habeas corpus para a soltura de Onildo e entrará com uma representação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A acusação lamentou a atitude da defesa e pediu para que o júri seja remarcado o mais rápido possível.
"O MP antes de mais nada lamenta a atitude da defesa no dia de hoje, abandonando o plenário com total descaso das partes, principalmente aos jurados e a família do Fabrício, que há tantos anos espera por justiça", afirmou o promotor de justiça Lucas Cavini Leonardi.
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