O desembargador Xisto Pereira, do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), suspendeu nesta terça-feira (27) o julgamento de Onildo Chaves de Córdova II, dono de um posto de combustíveis acusado de ser o mandante da morte do empresário Fabrizzio Machado da Silva.
O júri popular estava marcado para esta quarta-feira (28). Fabrizzio presidia a Associação Brasileira de Combate a Fraudes de Combustíveis (ABCFC) e foi assassinado a tiros em março de 2017.
A decisão do desembargador atende a pedido da Defensoria Pública do Estado do Paraná (DPE), que argumenta não ser o caso de atuação do órgão, visto que o acusado possui advogados constituídos no processo.
Conforme trecho da decisão desta terça, o juiz Thiago Flores de Carvalho, da 1ª Vara Plenário do Tribunal do Júri de Curitiba, determinou o envio da ação penal à defensoria para que substituíssem a defesa de Onildo, “na hipótese de, no dia da sessão plenária, ocorrer novo abandono no curso do julgamento”.
No dia 30 de janeiro, o caso chegou a começar a ser analisado pelo Tribunal do Júri. Porém, a sessão foi suspensa após a banca de defesa deixar o plenário. Relembre o caso a seguir.
Após o episódio, os advogados Claudio Dalledone Junior e Renan Pacheco Canto chegaram a ser retirados da defesa de Onildo. Porém, eles recorreram da decisão em mandado de segurança e na semana passada a Justiça determinou em decisão provisória (liminar) que eles retornassem às funções no caso.
Dessa forma, para evitar o risco de todo o processo ser anulado, o desembargador determinou a suspensão do júri até que o mandado de segurança tenha o mérito julgado, o que não tem data para acontecer.
O advogado Adriano Bretas, titular da defesa de Onildo, disse em vídeo que que existem "imperfeições que precisam ser corrigidas" no processo. "O Julgamento estava sendo feito de forma precipitada, açodada", afirmou, defendendo a necessidade de um "freio de arrumação".
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) disse em nota respeitar a decisão. No entanto, o órgão disse também lamentar o adiamento, "considerando tantos anos já transcorridos desde o início do processo".
O MP-PR afirmou esperar que o caso seja julgado o mais breve possível, "sendo esse igualmente o desejo da família e de toda a sociedade".
Relembre o caso
De acordo com a denúncia do Ministério Público do Paraná (MP-PR), Fabrizzio Machado da Silva investigava fraudes em postos de combustíveis. A investigação da Polícia Civil apontou que o assassinato teve relação com a atividade de fiscalização.
Segundo o MP-PR, a vítima foi morta na época em que ajudava uma equipe de jornalistas a fazer uma reportagem sobre a fraude de combustíveis em São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
Três horas antes de ser assassinado, ele havia feito o último contato com os repórteres.
Conforme a denúncia, Onildo Chaves de Córdova II, dono de um posto de combustíveis, encomendou a morte de Fabrizzio.
A acusação diz que Onildo procurou Jefferson Rocha da Silva, que aderiu ao plano e indicou Patrick Jurczyszyn Leandro para executar o crime.
De acordo com a decisão, Leandro recebeu a oferta de aproximadamente R$ 20 mil para matar a vítima.
Um quarto suspeito Matheus Willian Marcondes Guedes, também foi investigado e julgado. Conforme o MP-PR, ele havia dirigido o carro usado no dia do crime.
Em 2021, os três foram julgados. Dois deles foram condenados e um foi absolvido:
Patríck Jurczyszyn Leandro: foi acusado por ter feito os disparos contra a vítima e foi condenado a 30 anos de prisão.
Matheus Willian Guedes: acusado de participar do plano de execução do empresário e foi condenado a 23 anos de prisão.
Jefferson Rocha: acusado de participar do plano de execução, mas foi absolvido.
O dia do crime
Leandro e Guedes foram até as proximidades da casa do empresário e, quando ele chegava ao local, de carro, por volta das 22h, os dois bateram na traseira do veículo da vítima.
Ao sair do veículo para ver o que tinha acontecido, Fabrizzio foi atingido por tiros disparados por Leandro, sem chance de defesa. Uma câmera de segurança registrou o momento do crime.
Em seguida, os dois acusados fugiram do local. No dia seguinte, o carro usado por eles foi encontrado queimado na Região Metropolitana de Curitiba.
Dois dias depois da morte de Fabrizzio, em 25 de março, a Polícia Civil paranaense deflagrou a Operação Pane Seca, que fechou nove postos de combustíveis em Curitiba e na Região Metropolitana e prendeu seis pessoas. Um dos postos alvos da operação pertence a Onildo.
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