O terceiro dia do júri dos sete réus envolvidos na morte do jogador Daniel Corrêa Freitas começou agitado nesta quarta-feira (20). O promotor do Ministério Público do Paraná, João Milton Salles, e o advogado que defende a família Brittes, Elias Mattar Assad, protagonizaram um bate-boca durante a fase de debates. Os ânimos se exaltaram e juiz Thiago Flores Carvalho precisou intervir.
Na esquerda João Milton Salles (Foto: CMSJP) e Elias Mattar Assad na direita (Foto: Reprodução Facebook)
O desentendimento começou quando o promotor disse que não estava recebendo dinheiro de ninguém para atuar no caso. Neste momento, Mattar Assad levantou e, aos gritos, afirmou que estava trabalhando ‘pro bono’, ou seja, sem ganhar nada para isso.
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O advogado da família Brittes ameaçou deixar o plenário e a advogada da equipe dele, Louise Mattar Assad, chegou a dizer que o promotor estava agindo para anular um júri de três dias.
“Eu estou atuando pro bono, é a minha família defendo uma família, sem ganharmos nada”, pontuou Elias Mattar Assad.
O advogado Nilton Ribeiro, que representa a família de Daniel, também se envolveu na discussão para rebater Mattar Assad.
“A sua família se alegra enquanto essa família [apontando para a mãe de Daniel] chora”, disse Nilton Ribeiro, assistente de acusação.
Diante dos ânimos alterados, o juiz fez a intervenção e solicitou para que todos voltassem ao foco do julgamento.
Elias Mattar Assad então pediu para constar em ata o que foi dito pela acusação e a advogada Caroline Mattar Assad completou: “Tem que constar que o promotor disse que ele é pago pela sociedade e os advogados pelo tráfico”.
Julgamento
O júri dos sete réus envolvidos na morte do jogador Daniel Corrêa Freitas entrou no terceiro dia nesta quarta-feira (20). A sessão começou, pouco depois das 9h da manhã, com a fase final dos debates com réplica da acusação e depois a tréplica da defesa, cada uma com o período de 1 hora para fala.
Finalizados os debates, será feita a votação secreta pelos sete jurados. Conforme a decisão dos jurados, o juiz redige a sentença e elabora a dosimetria, que é a duração da pena.
Réus
Dentre os sete acusados, dois estão presos. Edison Brittes Junior é réu confesso e responde por homicídio, qualificado pelo motivo torpe, pelo emprego de tortura ou cruel, e pelo recurso que impossibilitou a defesa da vítima, ocultação de cadáver e fraude processual. Eduardo Henrique da Silva responde pelos mesmos crimes. Ele chegou a ganhar o direito de responder ao processo em liberdade em 2019, mas voltou para a prisão em 2020 após participação em outro crime, um roubo ocorrido em Foz do Iguaçu.
Outros três réus respondem por homicídio qualificado, mas estão em liberdade: Ygor King, David Willian Vollero Silva e Cristiana Brittes. A última chegou a ter a acusação de homicídio negada em primeiro grau, decisão que foi revertida pelo Tribunal de Justiça do Paraná (Tjpr).
Allana Brittes, jovem que completava aniversário e realizou a festa onde Daniel foi morto, responde por fraude processual e coação no curso do processo. Já Evellyn Brisola Perusso foi denunciada por fraude processual. Ela também chegou a ser presa novamente durante o processo, por tráfico de drogas.
O crime
Com passagens pelo São Paulo e Coritiba, Daniel Corrêa Freitas veio a Curitiba para participar da festa de aniversário de 18 anos da amiga Allana Brittes, filha de Edison Brittes Junior, em uma casa noturna de Curitiba, em 26 de outubro de 2018. Após a balada, o jogador aceitou o convite para esticar a comemoração na casa da Família Brittes, junto de outras dez pessoas, em São José dos Pinhais.
Segundo a Polícia Civil, o conflito com Edison teria sido motivado por fotos e áudios enviados por Daniel em um grupo de amigos no WhatsApp. Nas mensagens, o jogador se vangloriava por estar na cama deitado ao lado de Cristiana Brittes, esposa do dono da casa.
Conforme as investigados, após saber das mensagens, o empresário deu início ao espancamento de Daniel e teve a ajuda de outros convidados da festa. O jogador só sairia da casa dentro do porta-malas de um carro. Foram 11 quilômetros de distância até a plantação de pinus, na Colônia Mergulhão, região rural de SJP, onde o corpo foi encontrado por um morador na manhã de 27 de outubro de 2018.
Conforme os laudos da Polícia Científica, Daniel foi parcialmente decapitado e teve o pênis decepado.
A investigação afirma ainda que, dois dias depois do crime, Edison se encontrou com os outros seis envolvidos em um shopping para combinar a versão que seria dada à polícia. A história não convenceu e o empresário acabou confessando o assassinato e sendo preso na mesma semana.
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Júri do Caso Daniel tem bate-boca entre defesa e acusação: “A sua família se alegra, enquanto essa família chora”
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Júri do Caso Daniel tem bate-boca entre defesa e acusação: “A sua família se alegra, enquanto essa família chora”
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